Preciso urgentemente que me prendas de forma definitiva a
ti. Dá-me real, dá-me estrutura, estou a despedaçar-me toda por dentro. Tento recuperar-me, mas em vao…
Perdi-me algures, já so me lembro de alguns episódios, uns
vagos, outros longiquos, outros de tal modo dilacerantes que prefiro nem
recordar!
Sou tua e no entanto não sou de ninguém. Nem mesmo minha. E
é isso que odeio!! Porque sempre gostei de ser tanto eu que era tua, mas afinal
parece que não o sou, porque não sou nada.
Sim, faz-me tua para ser alguém. Por favor, va laaaa.
Recorda-me o meu cheiro ao menos. Não custa assim tanto. Por favor. Qual era o
meu escritor preferido? E o que é que eu dizia sempre que chegávamos a casa
estafados, ainda te lembras? Imploro-te que me abraces, recheando-me de mim, de
nós, de ti, meu amor. So sei que te amo e nada mais. Mas como é possível
amar-te se nem eu mesma sei quem sou?
Sou tanta coisa e não sou ninguém. Sou um condensado de
relações passadas, de acontecimentos que poderiam ter acontecido mesmo que nunca
se tenham realizado. Sim, sem dúvida: sou muito mais o que poderia ter sido do
que tudo aquilo que efectivamente fui. E revejo-me muito mais também em tudo o
que ainda poderia vir a ser do que o pouco que vou sendo.
Que raio de identidade, esta. Ontem ainda era alguém, mas
hoje sou nuvem e não há maneira de o deixar de ser, porque pressinto que amanha
serei saudade. E pensar que tenho nostalgia de mim mesma… é tramado.
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