Tuesday, July 25, 2017

quando o corpo se torna pesado, encho a cabeça de ruído. até que os meus joelhos fiquem em papel e o meu rosto uma nuvem que basta soprar para desaparecer. e bebo um copo de vinho para afogar as mágoas que pesam no meu corpo, como que ensaiando uma vez mais a derrota permanente perante o mundo. solidão. absoluta solidão. às vezes sabe bem, mas outras faz-me desesperar de mim mesma, de ti e de tudo. de ti que nunca conheci, é certo, mas que sei que existes e que me lês. assombras-me e por breves momentos embalas-me, pareces ser afinal o ruído que me preenche, a liberdade que me incrimina, a alegria que me azucrina, a saudade oca do nada total que é um nada igual a menos um. um dia gostava de ser manhã, uma manhã à beira de um lago numa floresta. essa imagem persegue-me como se fosse o meu destino. quero tatuar-me de futuro é o que é! quero preencher-me toda de tudo e mais alguma coisa! quero rebentar de energia! quero morrer de vida!

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