Às vezes, no silencio da minha cabeça, bem lá dentro como se
fechasse a mente do resto do mundo, bem calafetada, sinto-me evaporar… uma
leveza invade-me e eu só tenho que me deixar ir… transformo-me numa bolha, numa
espécie de vapor de mim mesma, nuvem que me sobrevoa, que me acalma, que
respira por cima da minha respiração e que me conduz, num atordoamento meio
lunático a que poderíamos chamar de confusão mental, a um estado de perdiçao
total, em que perco completamente a noção do espaço e do tempo e todas as
outras coordenadas subjectivas e objectivas e…
Caio. Rebenta-se a bolha. Choro. Choro muito, choro imenso. Choro compulsivamente. E sabe-me tao bem chorar assim, sabendo-me trovoada, cheirando-me negra, afagando-me pedra, sedimentada na dor, faminta de mim e de ti, e de tudo aquilo que vivemos, num tempo tao longínquo que me envelhece a cada minuto que passa e as rugas acentuam-se e eu até gosto de ficar a olhar para elas mas depois sou trespassada pela memória das tuas mãos e o meu corpo clama em prece pelo teu e eu só quero acordar e parar de chorar mas ainda é noite eu já estou gelada e ainda há pouco transpirava… será febre?
Estou doente de ti, doente de amor, doente de saudades de
nós.
Lx, 29 de Março, 21h51
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