Tuesday, October 14, 2014

poema em tempo de guerra

ando isolada, sem saber do resto do mundo todo que de repente perdi
a guerra separou-nos, a mim, a ti e a toda a gente!
na sua ferocidade, arrancou-nos a ferros do nosso lugar
tornou-nos filhos de um parto dificil e de um aborto ainda mais insuportavel

mas depois, de vez em quando, existes tu, sob a forma de palavra muda
os teus poemas têm chegado a mim sabe-se lá como!
recuperados das trincheiras, salvos do sangue, chegam às minhas maos como que em auxilio
aconchego-os como que repetindo as nossas tardes em que te deitavas sobre mim
e eles devolvem-me essa felicidade perdida, mas ainda quente, de te ter ao meu lado
os teus poemas sao como que o resgate da tua presença. por eles consigo voltar a escutar a tua voz e imaginar os teus labios a proferir cada sílaba
eles recuperam com uma nitidez incrivel os nossos beijos intercalados pelas nossas longas conversas sobre tudo e mais alguma coisa!
os teus poemas acariciam-me como as tuas maos, percorrem o meu corpo com o mesmo prazer com que tu o fazias, e eu sinto-te intensamente através deles...
os teus poemas... os teus poemas és tu e o mundo todo neles!
os teus poemas sao o meu refúgio, o meu lar, a minha memória de vida!
e assim vou sabendo do mundo e assim vamo-nos amando, na cadência das estrofes, por entre a sintaxe dos teus poemas.

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