Friday, August 26, 2016

seria eu?

muitas sao as vezes que passo longos períodos sem sequer me ver ao espelho. é comum, ando sempre ocupada, seja a trabalhar, seja a deliciar-me com tanta coisa linda que a vida nos dá para fazer! também nao perco tempo a escolher o que vestir nem a cuidar muito de mim. fico-me pelo essencial: banho diario a correr e esses outros bons habitos. muitas vezes chego à rua e reparo que estou despenteada ou que tenho uns collants que afinal nao eram da cor que pensava que eram.
mas hoje aconteceu uma coisa engraçada. estava a andar junto a um prédio moderno, com os vidros super limpinhos e quando me olhei no meu reflexo, assustei-me ao ver-me. nao era eu! a serio: nao era mesmo eu. era uma mulher, sim, também já quarentona, estatura muito parecida com a minha, sem dúvida, até tinha também este estilo todo relaxado e descontraído, tenis, mas nao era eu. juro que nao! ok, também era morena, também levava a mala a tiracolo, mas nao era eu, ja disse! simmm, também tinha os dentes um pouco tortos, sobretudo na parte de cima, mas NAO ERA EU!!! quantas vezes vou ter que repetir isto??? ok, sim: também se chamava Catarina, mas nao era eu!!! merda, nao era eu!!! nao podia ser eu...

a voz e o som do silêncio (e da fúria)

o silencio. o sussurro do silencio. o barulho do silencio. o peso do silencio. a gravidade do silencio. o sufoco do silencio. o vazio do silencio e no entanto o corpo todo do silencio! o silencio é matéria, tem massa. portanto, nao me venhas falar de silencio!

poema INconseguido

nao INconsigo ficar neste estado por muito tempo
ha uma qualquer sensaçao de INquietaçao que me INvade
ja me sINto Inlouquecer com tanto INconseguimento!




pomba bombinha

tenho tudo entalado prontinho a explodir. sim, prontinho. bem aconchegadinho. super fofinho.
nao, nao estou a ser cínica. simplesmente sou lúcida e sei que vamos ser apanhados. estamos aqui para morrer, nada mais.