Saturday, April 26, 2014

liberdade





e ela respondeu: «e eu quero ser o teu cravo, e tu a minha chaimite» e os dois beijaram-se intensamente, em pleno largo do carmo, na véspera do 25 de Abril, e foi um momento mágico porque nesse preciso instante as luzes apagaram-se e começou o fogo de artificio.

e no entanto, um entretanto como um portanto

e no entanto, so temos esta vida... e no entanto, ela passa tao depressa... e no entanto, desperdiçamo-la… e no entanto, complicamos sempre tudo... e no entanto, nao aproveitamos realmente o que temos, porque queremos sempre mais e mais e mais! e no entanto...

e no entanto, existes tu… no entanto, surgiste na minha vida como uma brisa, uma brisa morna de uma leveza inacreditavelmente doce. no meio de tudo o que existe, existes tu e existe o teu olhar. o teu olhar foi tudo. o teu olhar é tudo! o teu olhar é uma ilha na minha alma, uma certeza no meio do campo fertilizado de dúvidas amargas. o teu olhar é um oásis de existência no meio da incerteza, uma lufada de ar fresco de amor. o teu olhar, foi tudo naquele momento e passou a ser parte de mim. é a candura pura na qual eu penetro para me sentir em casa. sim, o teu olhar é o meu ninho, onde me deito e sonho livremente. o teu olhar é esse lugar onde me encontro a mim mesma, como que separada de qualquer coordenada que me aprisione, porque precisamente o teu olhar é a expressao intensa e absoluta da liberdade.

e portanto, no entretanto, eu amo-te, sabias?


e depois… bom, depois existe o nosso olhar. uma fracção de espaço e tempo dentro do mundo. o nosso olhar!  temos tudo no nosso olhar!!! temos o mundo todo e tudo o que quisermos mais!  é que depois... depois existimos nós, sem mais no entantos.

Lisboa, domingo, 20 de abril, 00h46, já dia 21 portanto.
 

Tuesday, April 15, 2014

Às vezes, no silencio da minha cabeça



Às vezes, no silencio da minha cabeça, bem lá dentro como se fechasse a mente do resto do mundo, bem calafetada, sinto-me evaporar… uma leveza invade-me e eu só tenho que me deixar ir… transformo-me numa bolha, numa espécie de vapor de mim mesma, nuvem que me sobrevoa, que me acalma, que respira por cima da minha respiração e que me conduz, num atordoamento meio lunático a que poderíamos chamar de confusão mental, a um estado de perdiçao total, em que perco completamente a noção do espaço e do tempo e todas as outras coordenadas subjectivas e objectivas e…


Caio. Rebenta-se a bolha. Choro. Choro muito, choro imenso. Choro compulsivamente. E sabe-me tao bem chorar assim, sabendo-me trovoada, cheirando-me negra, afagando-me pedra, sedimentada na dor, faminta de mim e de ti, e de tudo aquilo que vivemos, num tempo tao longínquo que me envelhece a cada minuto que passa e as rugas acentuam-se e eu até gosto de ficar a olhar para elas mas depois sou trespassada pela memória das tuas mãos e o meu corpo clama em prece pelo teu e eu só quero acordar e parar de chorar mas ainda é noite eu já estou gelada e ainda há pouco transpirava… será febre?


Estou doente de ti, doente de amor, doente de saudades de nós.

Lx, 29 de Março, 21h51

Thursday, April 10, 2014

inflexões filosófico-poéticas ou poemário filosófico-inflexioso

gosto que a filosofia se faça de forma simples, sem pretensiosismos bacocos ou complicaçoes gratuitas. gosto de filosofia com sugos, chocolates e gomas, sim, muitas gomas! a filosofia é isso mesmo: é goma, é esse acto de pôr goma, de dar estrutura ao pensamento, mas também é engomar, engomar o discurso, torna-lo liso, superfície sem rugas.
a filosofia é um campo de problemas que se vai modulando conforme a sua eficácia prática, tal como o virtual muda de natureza à medida que se efectiva. daí a necessidade de uma dimensão epidérmica da filosofia: o pensamento é pura vibraçao e o cérebro é essa teia de aranha que capta a vibraçao dos signos. mais do que aranha, a filosofia é teia, onda, é essa massa de modulaçao, membrana de reverberação.

vibraçao do mundo. tu. sim, tu.

tu és a vibraçao que me anima, a vibraçao que me define, a vibraçao que existe em mim. és a minha dobra, de forma tao imanente que por vezes confundo a minha pele com a tua. somos dobra um do outro. eu sou-te, tu és-me, nós somo-nos. multiplicidades unas e únicas. fazes-me conhecer a poesia na filosofia e a filosofia na poesia, como dobras uma da outra, como intensidades imanentes que vibram uma na outra.

e assim a filosofia poesia-me... ou deverei antes dizer que a poesia filosofa-me em ti?

Monday, April 07, 2014

de repente

deixei de te sentir. que estranho... foi-se tudo de repente!

Tuesday, April 01, 2014

quero que as pregas do meu corpo sejam as dobras das tuas palavras e que a minha pele fique impregnada do sentido da tua poesia. quero cheirar a amor por todo o lado, quero experimentar o afecto, lamber a saudade... quero ser pura vontade de ti, alias fome, sim, muita fome de ti!!
toda eu sou asfixia de ti, respiraçao ofegante do teu olhar, onde me deixo perder a cada vez que nele encontro o  caminho desta cumplicidade ancentral que nos liga de forma tao intensa e profunda!

sim, o amor é concavo e eu adoro encaixar-me toda em ti. em ti. tu, a verdade.