Tuesday, September 18, 2018

às vezes no silêncio da noite

e hoje aconteceu. não faço ideia como nem porquê, mas aconteceu. e pelos vistos tu até tinhas previsto isto esta semana. incrível. e foi tão simples. e foi tão natural. e foi tão lindo. e foi tão nosso. e foi tão sempre.
https://www.youtube.com/watch?v=sGC8g0DJ0_E

Wednesday, September 12, 2018

sensatez

foi preciso chegar aos 42 anos para alguém me dizer que até é mais sensata do que eu! ainda estou estupefacta comigo mesma! e logo eu, que se há coisa que nunca sou é sensata! mas sim, tive que reconhecer: fui sensata. lindo, lindo! ainda estou a deliciar-me com esta nova experiência de mim mesma, mais sensata, mais adulta, mais consciente.
dito isto, só me apetece pegar no carro e ir até onde der a gasolina e não voltar. afinal de contas, para que serve a sensatez?

Monday, June 04, 2018

estou farta de coisas óbvias! o óbvio é para se comer ao pequeno-almoço e depois passar o dia a criar não-óbvios e outras impossibilidades!


Saturday, June 02, 2018

Tuesday, April 17, 2018

da maternidade

um dia destes dei por mim a dizer: "eu até sou boa mãe. eu falho um bocado é como pai"

Tuesday, April 10, 2018

no início era a fotografia. depois, veio o mundo, inteirinho, repleto de pessoas, animais, plantas, paisagens incríveis e livros. tudo aconteceu muito depressa. mas antes, antes houve o tempo da fotografia. a imagem neutra, pura, mental, que nada via, porque nada havia para ver, ainda nada tinha sido inventado, a não ser a possibilidade da reprodução. o tempo da fotografia era portanto o tempo da futugrafia, pois a imagem era o vazio do futuro. não havia nada para fotografar nem ninguém para apreciar. apenas a fotografia, a imagem como pura potência do futuro!
foram tempos maravilhosos, inesquecíveis.

Monday, April 02, 2018

o início é sempre fodido. sim, fodido. poderia ter dito lixado, difícil, traumático, impossível, mas escrevi fodido, porque de certa maneira tenho que resolver a escrita e a vida, de um só lance, de um só trago, de um único grito! e a grande questão regressa, vezes sem conta, como um beco sem saída: qual o sentido disto tudo? qual o sentido da vida, aos 41 anos? como viver daqui para a frente, depois de ter percebido que a boa metade já foi, queimadinha, como um cigarro sem filtro que eu nem sequer senti fumar! será que tudo se tornará melhor depois de publicar uma asneira? será que é assim que funciona ou estarei a ver tudo errado e o que me resta é portar-me bem e agir como sempre? será que, no meu caso, uma asneira, dita publicamente, e assinada por baixo, será a minha grande libertação, o  caminho para a minha própria redenção? e depois ouvimos aquelas balelas de que só precisamos é de nos desculpar e de encontrar a nossa paz interior... sim, ok, sei que é verdade, mas o que fazer quando tentamos encontrar essa paz e é essa mesma paz que nos devora, que nos faz sentir morrer, que nos mata???
como se o sentido da vida pudesse ser um sentido único, sempre a direito, mesmo que torto! como não ver e sentir todos os sentidos da vida??? como não se deixar levar por um e por outro e por mais aquele que nos acena e depois seguir o contrário e o perpendicular e o transversal? a vida é uma rotunda, um abismo, e eu ando às voltas, já meia tonta, completamente perdida, sem saber como sair dela, até porque é uma rotunda toda gira, cheia de flores e uma paisagem linda e é bom estar na rotunda, é quase como nos sentirmos em casa. rotunda: tu és o meu lar e as tuas voltas o meu alimento! (ou deveria dizer sofrimento?)

Saturday, March 31, 2018

segunda-feira de cinzas

há qualquer coisa de irresistível na ideia de falhanço. o abismo é um íman gigantesco em que adoramos cair. não que a realidade seja cruel ou intolerável, mas o deslize e o deixarmo-nos levar é invariavelmente trágico e absolutamente delicioso. sem remorsos. sem medos. sem retorno.
amanhã é domingo de páscoa e vou comer um excelente borrego no forno.

Monday, March 12, 2018

sem título nem futuro

ao menos que a minha solidão sirva para alguma coisa. o tempo passa, a energia passa, a alegria passa e de repente olhamo-nos e já nem sequer potência somos. deixámos de ser. e ainda estamos vivos. é como que uma perversidade da vida, que nos obriga a ser espectadores da nossa própria decadência. é triste, é muito triste, mas tem uma certa beleza, a beleza da decadência em estado vivo.
o que vale é que terei sempre o Chet Baker!

Sunday, February 25, 2018

diz-me o que não és e eu cá te digo o teu devir

                                          Alphaville, Jean-Luc Godard